Chikungunya – A próxima ameaça?

--Chikungunya – A próxima ameaça?

Até o dia 4 de outubro de 2015, o Ministério da Saúde registrou 211 casos de Febre Chikungunya no Brasil. Do total, são 38 casos importados de pessoas que viajaram para países com transmissão da doença, como República Dominicana, Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa. Os outros 173 foram diagnosticados em pessoas sem registro de viagem internacional, a grande maioria destes no estado da Bahia, no município de Feira de Santana.

Apesar do ainda pequeno número de casos, acende-se um sinal de alerta para o aparecimento no Brasil de mais uma doença transmitida pelo Aedes aegypti. Os  sintomas são muito semelhantes aos da Dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, manchas no corpo, apatia e cansaço. Ao contrário da Dengue, raramente haverão sintomas de maior gravidade, como hemorragia e baixa da pressão arterial. No entanto, o acometimento articular habitualmente é muito mais importante, com dores intensas e inflamações nas articulações e tendões, principalmente pés e mãos, muitas vezes incapacitantes e eventualmente com duração de meses. Além dos sintomas físicos, frequentemente há queixas de sintomas depressivos e fadiga.

Estudos da África do Sul mostraram que 12%-18% dos pacientes terão sintomas persistentes de 18 meses a três anos. Em estudos mais recentes na Índia, a proporção de pacientes com sintomas persistentes em dez meses, após o início da doença, foi de 49%. Dados da Ilha Reunião, uma área de alta incidência de Chikungunya localizada a leste de Madagascar, demonstraram que 80%-93% dos pacientes se queixam de sintomas persistentes três meses após o início da doença, reduzindo para 57% aos 15 meses e 46% aos dois anos.

Ainda mais preocupante sobre a infecção é o fato de que um estudo recente de acompanhamento de pacientes por três anos, na Ilha Reunião, evidenciou associação eventual do vírus, em períodos de epidemia, com infecção do Sistema Nervoso Central, incluindo uma forma grave de encefalite com alta taxa de mortalidade (cerca de 16%) e de incapacidade permanente (entre 30 e 40%), principalmente em crianças e idosos acometidos pela doença. Apesar de não ser uma manifestação comum da doença, sua gravidade nos deixa ainda mais apreensivos.

Da mesma forma que nas outras doenças transmitidas por mosquito, a principal forma de prevenção é atacar os criadouros, evitando água acumulada em locais como vasos de plantas, calhas, caixas d´água e pneus. Nada disso funciona sozinho e o Poder Público tem sua parcela de responsabilidade. Temos que cobrar melhores políticas de educação, fiscalização e vigilância. Nosso maior inimigo pode estar no nosso quintal, ou no do vizinho.

Pense nisso. Viva melhor.

By | 2018-03-12T22:49:10+00:00 3 de dezembro de 2015|Categories: Generalidades Médicas|0 Comments

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